terça-feira, 2 de setembro de 2008

SARGAÇO A apanha do Sargaço em Aver-o-Mar

Por indicação dos Cardiologistas, devemos fazer todos os dias uma caminhada!
Porque tenho o privilégio de morar numa terra à beira-mar plantada e plana, tenho as condições reunidas para melhorar a minha condição física e ter uma velhice cheia de actividade
Assim um dos meus percursos preferidos é junto à praia até à freguesia de Aver-o-Mar.
Foi numa dessas caminhadas no mês de Julho que fiz esta reportagem fotográfica.
Na época das marés-vivas, quando as ondas assolam a costa com fúria, as algas são arrancadas dos rochedos (penedos). Mais tarde, o vento e a corrente empurrá-las-ão para a costa, formando uma linha negra na praia.

As algas constituem um bom sistema de fertilização dos campos. O sargaço (ou argaço-como diz o povo) depois de seco é utilizado como adubo.
A apanha do sargaço é um costume muito antigo, já mencionada no Foral de D. Dinis.
O ritual da apanha é maravilhoso. Depois da agitação do mar, vem normalmente uma "calmia"
que nos traz um cheirinho a maresia, que põe de rastos qualquer perfume Chanel!!!!!!!!!!!!

Os homens e as mulheres (fortes e vigorosos) saltam para a praia munidos de ancinhos e carrelas onde levam o sargaço. À sua espera estão as carroças puxadas pelos famosos burros de Aver-o-Mar, que transportam o sargaço para os campos de terreno arenoso, precisando de ser adubados.
O sargaço é seco e depois espalhado na terra.
Quem não conhece o sabor das batatas, cebolas e pencas de "abremar".

O sargaço que sobra é empilhado em montes, de forma cilíndrica, encimados por uma cobertura de forma cónica. Atam-no com umas fiadas de arame às quais prendem pedras, para o defenderem da força do vento.
Estas "CAPELAS" são feitas com palha centeia para proteger o sargaço da acção das chuvas, impedindo que fermente e perca grande parte do azoto.

Hoje em dia já usam por vezes o plástico e em vez de carroças, tractores.

Este processo antigo de adubar as terras é bem mais económico que os adubos industriais.
Só obriga a uma pequena licença na capitania, que por vezes nem existe.
Com a subida do petróleo nota-se que a apanha do sargaço está mais intensa.
Vantagens:
Exercício físico para os apanhadores de sargaço, vida ao ar livre, não gastam dinheiro em adubos, não poluem o ambiente, limpam as praias e depois vendem-nos aqueles produtos saborosos....

Quem nunca assistiu a esta árdua tarefa das mulheres e homens poveiros, fica convidado para aparecer na Póvoa, durante os meses de Verão e ficará deslumbrado.........
VAMOS VER O MAR.......................

3 comentários:

Anónimo disse...

Excelente reportagem sobre uma das tarefas mais duras e menos reconhecidas que existem em Portugal . Claro que estas algas vão aparecer , sob nomes sofisticados , em muitos SPAs e lugares chiquérrimos por esse Mundo fora , sem que os consumidores/as façam um pequena ideia do que custa obter este produto da Natureza . Penso que a utilização de sargaço como adubo estará ultrapassada , mas cresce exponencialmente como ingrediente ávidamente procurado pela indústria cosmética e farmaceutica .

José Maria Novais disse...

Será que o nosso amigo Chico, agora reformado, virou sargaçeiro? Vendo a sua foto, mais parece um turista, no entanto, nunca se sabe! Ou será que lhe nasceu agora a vontade de ser farmacêutico?

Anónimo disse...

Maravilhosa reportagem com detalhes e pormenores descritivos para que os que não conhecem a "lida do sargaço" passem a ter conhecimento desta tarefa árdua e tão apreciada. Eu tenho todo o prazer de poder caminhar e usufruir do aroma desta apanha.